quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

I


Quando o filho foi embora
Deixou a janela aberta.
A família resfriou-se toda.

A água do quadro
Guardado no alto da mesa
Molhou os elefantes saídos
Dos ímãs da geladeira.

Os arbustos cresceram
E camuflaram de vida as paredes.
O álcool para dormir
Enlameou toda a entrada.
As linhas telefônicas deram
Em um empoeirado tapete.

mas ninguém se enforcará no fio
da calçada.
ou cairá morto do céu na tentativa
de domar nuvens brancas.

hoje impossível lembrar dos nomes
das ruas que custaram a pele do joelho.
mede-se a vida de uma casa
pelo número de portas batidas
(relógios parados no quarto
dos pais)

baldes que se enchem
com o teto saudável.

endereços só importam no atraso no entrada da distância.


N.R.